Esse blog se destina a registrar minhas impressões sobre tudo o que cerca a minha existência enquanto mulher negra. Eu e minha mania de dar pitacos em tudo (rsrsrs)
26 agosto 2022
10 agosto 2022
Publicado pela primeira vez em 1981 período da ditadura militar. Segundo Moura, os que descreveram a história da escravidão omitiam o protagonismo do negro escravizado no movimento pela liberdade. Omitiam o quão violento foram os escravizadores.
A escravidão negra não foi uma mera categoria econômica substituída pelo proletariado. Foi uma instituição perversa onde seres humanos era transformados em coisas, comercializados e tratados com crueldade inimaginável. Nunca houve passividade do escravo e benevolência dos senhores. A legislação validava a violência repressora investida contra os negros, foi criado milícias, a figura do capitão do mato e construído um arsenal de instrumentos de tortura.
O movimento quilombola, não foi um fenômeno esporádico. Tem importância histórica e social. Palmares chegou a ter 20 mil habitantes, o Quilombo de Campo Grande/MG cerca de 10 mil ou mais. Recebiam os negros que resistiam ao sistema escravista, os oprimidos da sociedade como fugitivos do serviço militar, criminosos, indígenas, mestiços, negros marginalizados. Os quilombolas realizaram de insurreições negras urbanas como o Levante Negro de 1756 em MG a grande insurreição negra dos Malês em 1835 em Salvador.
Se organizavam como uma verdadeira República. Tinham governo, religião, propriedade, família e sistema econômico. Se articulavam com riqueza social e um sistema solidário de cooperação. Havia abundância de frutas, criavam galinhas e porcos e no sistema escravocrata estavam submetidos a privação de alimento, castigos físicos e trabalho exaustivo.
A força policial fazia verdadeiras carnificinas. Interrogavam, matavam, torturavam. A meta era dizimar os líderes e destruir a estrutura dos quilombos Zumbi, Joao Mulungu, Ganga-Zumba, Preto Cosme e vários outros lideraram movimento anti escravista.
Os esforços, as revoluções e a resistência dos negros desde o século XVII ficou a sombra do movimento abolicionista que é tardio, do século XIX, contudo levaram os créditos pela abolição. Abolicionistas eram contra a escravidão, mas não contra o racismo. Descreviam os negros como bárbaros selvagens, incapazes de tomar decisões sobre o próprio destino. Na cara de pau, excluíram o negro como agente histórico de sua liberdade e ainda exploravam o trabalho dos quilombolas em proveito próprio.
Quilombos são polos de resistência que de várias formas e níveis de importância se levantaram contra a escravidão. Clovis Moura ficou me devendo falar mais sobre as mulheres nessas revoluções. Leitura recomendada.
08 agosto 2022
Solitária