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06 março 2020

Carnaval, saúde, e identidade negra.

Assistir uma aula magna com a Doutora Helena Teodoro é um presente divino. Ouvi-la nos leva a um estado de transe onde se é possível conectar a energias. A paz se instaura e a alegria reverbera.
Afrocentricidade é outra forma de ver o mundo. “Cozinhar, é pegar o que está morto e dar vida”. São tantos os conceitos que a Doutora nos presenteia que ampliamos o nosso modo de existir. 
Olodumaré é Deus único supremo, onipotente, é a manifestação material e espiritual é o criador de tudo que existe. O Deus Africano cria tudo, cria todos os espaços.
Os orixás são elementos da natureza, somos pai, mãe, território.

Os orixás são masculinos e femininos que não significam que sejam homens e mulheres.

Com início em 1929 através de uma disputa promovida por um pai de Santo o Zé Espinguela nasce o desfile das escolas de samba. As cores das primeiras escolas eram: Conjunto Oswaldo Cruz – o azul e branco; Mangueira- o verde e rosa da e o Estácio - vermelho e branco. As cores, representam a comunidade.
A bandeira representa os valores do território. A porta bandeira, uma mulher jovem, simboliza a reprodução. O bailar do mestre sala representa o jogar das sementes. Nos preparamos para criação.

O Salgueiro, escola de coração da professora, surgiu em 1953 da fusão de três outras escolas do morro do Salgueiro - a Azul e Branco, a Unidos do Salgueiro e a Depois Eu Digo. Em torno da pedra de Xangô, seu elemento natural, as escola se unem e mostram a religiosidade que os pais de santo criavam. 
O professor Júlio Machado, um homem branco, foi convidado por um de seus alunos para desfilar no Salgueiro. Fantasiou-se pela primeira vez como o orixá Xangô e repetiu o feito por 37 anos consecutivos e passou a ser conhecido como Xangô do Salgueiro.

A maneira de dançar das passistas, os gestos com as mãos colocando tudo para fora se remete a dança de Iansã. A dança com os braços a ocupação do espaço.

As manifestações populares em todo o brasil têm elementos das danças dos orixás. O Frevo, Maracatu, Jongo, Coco...

A cultura negra é a única que tem sons masculinos e femininos.

O Ijexá é som feminino, é música pra Oxum. O jeito de dançar é pra se deixar fluir. 
Quando a professora fala, no mesmo momento me vem a cabeça um famoso Ijexá :

“Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda essa gente irradia magia

Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha"

A fé que temos em nós mesmo, nos da visibilidade. A tradição negra proporciona autoconhecimento e é nela que ganhamos energia para mudar o que tem que mudar. 
Em círculo temos a mesma importância. Na roda do Xirê os pretos dançam dando as mãos e recebem a função de cuidar de si, do outro e do território.
O samba era perseguido político e economicamente pois era era exercício linguagem, lugar de fala, momento de descontração, reivindicação, demonstração de amor, grito de guerra.  Era o saber ancestral sendo transmitido pela oralidade.

Mandaram de volta os retornados, mataram outros tantos, oprimiram ao máximo, mas estamos aqui resistindo.

Praça onze o ano inteiro é um lugar comum, mas no carnaval é um lugar sagrado. 

Rio de janeiro é o centro de referência de carnaval para o mundo. 

A conformação de comunidade, a música, a comida a coreografia o encontro, tudo que há na Escola de Samba oferece pertencimento e por isso vários países pelo mundo adotaram a pratica de criar agremiações para viverem esse espírito de comunidade.

A geração de emprego engloba figurinista, contador, mecânico, costureira, motorista, jornalista, engenheiro, garçom, pintor... a serviço da identidade brasileira e como expressão de poder.

Escola de samba: dança dos orixás, toque dos tambores e história. Escola de samba cria família segundo a visão africana. Escola de samba é o terreiro na avenida. A bateria é o coração da comunidade pulsando.Escola de samba é um corpo vivo.




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