Palavras fortes escritas por uma mulher negra slammer, atriz, escritora, arte-educadora e atuante em movimentos sociais.
Primeiro uma pergunta: A mulher negra tem raiva?
Historico e sistematicamente silenciadas, a mulher negra percorre um atribulado caminho pra romper a barreira do silêncio.
Audre Lorde uma vez disse que o silêncio era expressão do próprio medo- medo do desprezo, do desafio, da aniquilação. E a meu ver o silêncio, não é sinônimo de falta de força ou falta do que dizer.
A mulher negra na diáspora, tem um papel transformador e civilizatório. É ela quem educa, ensina a andar, falar, quem cozinha (segundo as palavras da Doutora Helena Theodoro “é pegar o que está morto e dar vida”).
É de seu ventre que se renova a esperança. Apesar de ter quem não ache.
Em outubro de 2007, na época com 44 anos o atual presidiário e então governador, propôs a legalização do aborto como forma de conter a violência no Rio de Janeiro. Em sua tese ele alegou: "Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal", declarou na época. Essa é uma das muitas agressões a nossa existência.
Em outubro de 2007, na época com 44 anos o atual presidiário e então governador, propôs a legalização do aborto como forma de conter a violência no Rio de Janeiro. Em sua tese ele alegou: "Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal", declarou na época. Essa é uma das muitas agressões a nossa existência.
Não tem como apagar da história. A mulher negra trabalhou lado a lado aos homens no trabalho forçado dos campos, sob tortura física e psicológica do colonizador. Ocupou posições na mineração, no trabalho doméstico. Como comerciante, a escrava de ganho (figura vista pelas ruas de todo o pais) com seus tabuleiros de quitutes tinha uma renda mínima e injusta mas que ajudou a fundar associações que servia para comprar a alforria dos seus iguais, realizar cerimonias fúnebres com dignidade e cuidar dos órfãos dos assassinados dos escravizados dentre outros amparos. Usou o sincretismo religioso como ferramenta de resistência, liderou terreiros de candomblé que é a ressignificação da vida familiar onde, todos são irmãos diante da mesma mãe e o alimento é para todos e a fé é combustível.
Quando falamos não somos ouvidas e quando somos ouvidas não somos valorizadas e a nossa tentativa de falar é taxada como raiva. Desqualificar a nossa fala ao dizer que somos raivosas e loucas é estratégia de opressão.
Mas silêncio foi rompido. A poesia é um machado. É preciso força a e sabedoria pra manejar pois sua lâmina afiada rompe barreiras.
A autora nos leva para um universo com várias narrativas. Ela fala de seu lugar. Em seus poemas existe amor, denuncia, acalanto, banzo.
Se discute o branqueamento, um fenômeno que não tem manual, não está na lei, mas todo mundo sabe como opera. Sabemos exatamente o que significa chamar uma pessoa negra de “morena”.
E as nossas Marias de todos os dias? Uma vida cravada de luta e resistência. Quando não são arrastadas por um camburão, são arrastadas para uma rotina que inclui trabalhar e ensinar aos seus que amanhã há de ser melhor.
Não se iluda, resiliência dói.
Na sabedoria dos nossos mais velhos nos fortalecemos. E o trabalho infantil? Ele não forma caráter, destrói sonhos.
Ei menina, SE TOCA.
A quebrada é pra onde nos jogaram. Urbanização Dispersa é o nome dado nas universidades, porém mal sabem eles que disperso, só os suspiros apaixonados. No dia a dia é união, mesmo que distantes.
A dignidade, a identidade serão resgatadas.
Não estamos com raiva. Você é que vai ter que se acostumar a nos ouvir.
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