1. 3. 4. 5. 10. 14. 19. 24. 29. 30. 31.

05 novembro 2018

Cachorro Velho

Cachorro Velho foi a primeira obra da autora que li. Em 2005 o livro recebeu o prêmio Casa de las Américas umas das maiores honrarias em premiação literária Cubana. 
A história é fictícia porém realista conta a trajetória de um escravizado Cubano passando da infância até a vida adulta. 
O personagem recebeu esse apelido de seus “proprietários” que achavam peculiar a forma como ele ainda um bebê identificava as pessoas pelo cheiro em busca do cheiro da mãe, já idoso não se recorda do próprio nome. 
Nos dias de hoje nós negros ainda convivemos com a negação de nossa identidade, qualquer bebê negro já é chamado de “bom bom”, “pretinho” ao crescer passam para “negão” “nega”... somos generalizados, somos coisificados, reduzidos a uma banalização, quem se importa em nos olhar nos olhos e nos chamar pelo nome? Quem se importa nos dar essa dignidade?
Cachorro velho desejou a morte, não tinha esperanças e nem alegrias. Perdeu tudo que tinha, a mãe, amigos, a saúde. Sofreu covardemente violência física e psicológica que eram a base de escravidão negra. Relatou a dor das mães negras vendo seus filhos sendo vendidos. Fala da maldade da branquitude, eles são os causadores de tanta dor e sofrimento. A velhice não é respeitada e quando resistimos a dor e ao tempo nos matam, a branquitude considera uma afronta a nossa sobrevivência. 
As fugas, os Quilombos, o sincretismo religioso, as griot, até mesmo os suicídio compuseram parte de nossa resistência. 
Uma leitura forte e dolorosa mas totalmente necessário, temos que conhecer os caminhos dos nossos ancestrais para traçar os novos que vamos deixar.
Roseane Correa

Nenhum comentário:

Postar um comentário